sábado, 17 de setembro de 2011

Introdução: O que causa a violência entre os adolescentes?




Ultimamente os adolescentes “dos dias de hoje” têm sido vítimas de uma onda de crítica muito “violenta” e mediática. Várias reportagens, crônicas e artigos referem generalizações algo abusivas referindo-se a estes como “pessoas sem valores… violentos… sem educação…”. Nesta sequência os comentadores procuram razões para isso, será um problema da sociedade? Da escola? Das famílias?… Dos políticos? Da globalização?

Não temos dúvidas que apenas uma pequena minoria dos adolescentes atuais reflete aquilo que foi visto nos casos recentes de violência com direito a passagem no “horário nobre” das televisões e comentados nas “primeiras páginas” dos jornais (um grande prêmio para estes jovens, na nossa sociedade em que é considerada uma vitória o protagonismo nos meios de comunicação social).

Felizmente a grande maioria dos adolescentes adapta-se às situações (por vezes até bem difíceis) do seu cotidiano, sem recorrer a métodos como a violência, o consumo de drogas ou outros tais…

Existe claro uma minoria de jovens que apresentam dificuldades nesta adaptação (tal como existe uma minoria dos adultos) e que por vezes recorrem à violência como forma de lidar com os problemas que têm. Existem também pessoas que terão o famigerado “déficit de valores e pouca educação” sem dúvida, tal como uma minoria dos adultos. E também há personalidades caracterizadas por violência e desrespeito pelas regras sociais, as chamadas perturbações de personalidade anti-social, que não são de todo exclusivas da adolescência!

O Homem (a espécie humana, em todas as idades e épocas) é instintivamente violento. Depedendo do seu desenvolvimento, do meio envolvente e das suas experiências, irá controlar mais ou menos bem esse instinto. A adolescência é um período de transformação marcada, em que estes impulsos poderão ser visíveis pois a “estação de controle cerebral” (cortéx pré-frontal) ainda está em maturação. Uma vez que este controle interno ainda não existe na totalidade é obviamente importante a ajuda dos adultos quer sejam a família, os professores, os políticos, etc… E ajudar é permiti-los crescer, permitindo que explorem alternativas de ação e resolução dos problemas, mas ao mesmo tempo impor limites!




Deixamos aqui uma parte do artigo do Prof. Daniel Sampaio que saiu na revista Pública de 29 de Maio 2011, com o título “Raivas adolescentes”, que apresenta uma reflexão sobre este tema:
A raiva é sempre destruidora se for deixada crescer sem a entendermos. Se a enterrarmos, poderá contribuir para uma depressão. Se a “tratarmos” com álcool ou drogas, procurando que essas substâncias a acalmem, passaremos a ter mais um problema. Se a exteriorizarmos sempre, poderemos transformar-nos em alguém conflituoso e insuportável.
É fundamental conhecer a raiva destes adolescentes agressivos. Muitas vezes viveram com pessoas sem controle emocional, que veicularam sempre a ideia de que a violência tudo pode resolver. Noutros casos, viveram em famílias “perfeitas”, onde ninguém podia gritar e qualquer manifestação agressiva era associada à loucura: na adolescência, na luta pela autonomia, a raiva finalmente libertada encontra nos mais próximos o alvo preferido. Por vezes, são vinganças face a pais maltratantes na infância (abusadores, por exemplo), que explodem quando o medo físico dos familiares é agora ultrapassado por um corpo juvenil cheio de energia.
Compreender não significa mudar. Feita a história da relação, é crucial intervir. Conhecer a raiva. Compreender que não se fica agressivo para sempre. Perceber que não se pode ficar parado, num ritual de progressiva auto-humilhação. Concluir que intimidar os outros nos pode deixar mais sós.



Uma breve apresentação do que irá encontrar nesse gênero discursivo.Bom passeio!




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